Elite Dangerous é uma obra prima. Tem seus problemas, mas vale muito a pena.

Falta nesse jogo algum direcionamento aos jogadores. Ele deixa abertas até demais as possibilidades aos jogadores. Não pergunta nem "O que você quer ser neste jogo?". Você que vai acabar trilhando seu caminho como explorador, contrabandista, assassino, defensor dos fracos e oprimidos, caçador de Thargoids, uber, resgate, etc. Isso é bom mas eu, particularmente, sinto falta de algumas quest lines, algo para te motivar naquela carreira.

Um dos fatores mais legais e interessantes de Elite Dangerous é a customização da sua frota. Você pode ter qualquer nave, uma grande focada em carga, uma pequena focada em combate, uma média focada em transporte de passageiros. Você que manda. E cada uma dessas naves pode ser meticulosamente customizada para maximizar sua performance naquela função. O jogo brilha muito neste quesito.

Existem alguns requisitos para poder "engenheirar" suas naves, e alguns deles envolvem grind. Se fosse um grind interessante, ou justificável por mecânicas do jogo até que iria bem. Mas no Elite Dangerous, os desenvolvedores fizeram algumas escolhas de grind que chegam a ofender a boa vontade dos jogadores. Não é um ponto que deveria te impedir de jogar, mas saiba que há grind muito mal planejado neste jogo.

Como o "mapa" do jogo é uma réplica em tamanho real da via láctea, você precisa aprender a se locomover com eficiência, precisa aprender onde deixar suas naves. A logística de naves pode consumir grande parte do seu tempo, mas acho interessante esse quesito do "simulador".

Este é um dos jogos mais bonitos que eu já vi, se você é amante de Astronomia vai se amarrar. A parte sonora do jogo é impecável, desde as músicas até os sons que as naves fazem.

A Frontier Developments peca MUITO no quesito conteúdo. O máximo oferecido é:

• Missões aleatórias totalmente desconexas umas com as outras, repetitivas, com premiação pífia;
  
• Missão de Community Goal, que varia a cada 1 ou 2 semanas.
  
• Missões de Powerplay;
  
• Missões de aumento de rank com a Federação ou Império, igualmente repetitivas;
  
• Missões a pé ainda piores que as anteriores;

O jogo tem potencial para muito conteúdo legal multiplayer e até singleplayer (do ponto de vista de eventos), mas ficou anos sem novidade alguma. A Frontier Developments tem uma limitação incrível de criar conteúdo no próprio jogo dela, nunca vou entender isso. Pesquise o trágico desfecho da nave Gnosis (Cone sector) e entenderá do que estou falando.

Com a expansão Odyssey, Elite Dangerous desvirtuou do caminho de simulador de naves espciais para FPS, um movimento que muita gente acha que foi equivocado. Depois de mais de um ano correndo atrás do prejuízo (problemas de otimização, bugs, etc) essa expansão ficou estável, mas muita gente até ignora esse conteúdo.

O Powerplay poderia ser algo que desse mais motivo para se jogar, mas falha neste quesito. Se quiser participar, acaba sendo mais um grind chato e cansativo.

Por diversos momentos você literalmente não tem mais motivos para jogar. Ou você estabelece seus próprios objetivos, ou vai cansar do jogo. É como dizem, Elite Dangerous tem 1 km de largura e 1 cm de profundidade, no quesito conteúdo.

Que objetivos podem ser estes?

• Grind estúpido até se encher de materiais para nunca mais ter que fazer isso na vida;
  
• Explorar os cantos mais distantes da galáxia (menos de 5% da galaxia foi explorada em todos estes anos de Elite Dangerous);
  
• Tornar-se um caçador de Thargoids (exige bastante experiência de vôo e combate);
  
• Buscar artefatos da humanidade pela galaxia (Generation Ships e outros pontos de interesse);
  
• Se envolver na narrativa semanal (Galnet News);
  
• Grindar 5 bilhões para comprar um Porta-frotas (e depois grindar mais para manter ele ativo);
  
• Entre outros.

O jogo dá a possibilidade de jogar com amigos ou até em mundo aberto. Mas ele tem a opção de jogar isolado, na segurança do seu grupo privado. Talvez esta seja uma das maiores fraquezas do jogo. A simples possibilidade que o jogador tem de se isolar do resto do mundo prejudica tudo que o jogo poderia ser um dia. Pesquise a saga de Salome, e entenda porque este foi o melhor "evento" que este jogo já teve (evento criado pela comunidade inclusive).

Se o Elite é o que é hoje, é por causa da comunidade. A comunidade desenvolveu dezenas de aplicações que auxiliam os jogadores e trazem melhorias de qualidade de vida. Aplicações essas que são claras fraquezas do jogo, por não existirem in-game. A comunidade do Elite Dangerous é a mais engajada e dedicada que eu conheço. Sem palavras, busque: inara.cz, coriolis, edsy, edmc, edengineer, etc.